sexta-feira, 10 de setembro de 2010

bad luck


Tenho certeza de que este foram as duas semanas mais azaradas da minha vida. Mesmo meu pai, ateu, cético e cínico, ficou com pena de mim hoje e mandou eu vir dirigindo devagarinho para casa porque alguma coisa de muito errada podia acontecer.

O meu semestre já teria motivos suficientes para ser tenso. Estou fazendo minha monografia, vou me formar no final do ano e estou aterrorizada com a possibilidade de passar de estudante para desempregada. Era de se esperar que minha vida amorosa estivesse perfeita, não é mesmo? Não é isto que dizem por aí? Que a gente meio que escolhe? Ou somos profissionalmente bem sucedidos ou temos um relacionamento perfeito? Pois então. Poderiam até dizer que eu escolhi o amor, se meu namorado não fosse viajar para Paris em menos de uma semana. Para estudar. Por seis meses.

Mas não, não é isto que me caracteriza como uma pessoa azarada. Isto é só a vida passando por um momento complicado, normal, acontece, vou sobreviver. O problema é a série de infortúnios que têm acontecido comigo nas últimas semanas. Primeiro, uma alergia irritante nos olhos que me deixou assustadoramente parecida com o que meu namorado definiu de maneira fofa como um panda - o que ele não sabe é que as pessoas devem estar achando que eu apanho, e dele. Depois, caí da escada (delegacia da mulher já!). Não caí, me estaboquei da escada. Não quebrei nada, mas fiquei tão roxa, tão dolorida, tão machucada que estou com vergonha, até hoje, de sair com as pernas de fora e mesmo duas semanas depois não consigo pisar com o calcanhar esquerdo no chão. Cair da escada não é o suficiente? Quer mais? Que tal rotavírus? Eu não vou descrever o principal sintoma do rotavírus - nojento e vergonhoso - mas sintam-se à vontade para procurar no Google. Na quarta-feira fui parar desidratada, com a pressão 8 por 5 e o corpo todo dolorido na emergência do hospital, onde tomei 2l de soro. Depois disso, fiquei sem sair de casa, a maior parte do tempo deitada, com fome, sem conseguir comer, tentando achar um lado bom naquilo tudo (meu lado bom é que pelo menos eu posso emagrecer um pouquinho). E hoje acordei melhorzinha. Não melhor o suficiente para comer a barra de chocolate milka que Monique me deu, nem melhor para dar estrelinhas por aí, mas pelo menos melhor para trabalhar de casa e até mesmo dar uma saidinha até a Caco de Telha para pagar a minha formatura. Um dia bom, né? Tudo vai mudar, certo?

Nada. Na volta para casa, debaixo de chuva, a menos de 40km/h, meu carro derrapa. Juro que não foi incompetência. Estava indo devagar, o carro da frente parou, apertei o freio em tempo e o carro simplesmente continuou indo, na mesma velocidade. As rodas travaram, perdi o controle do volante e fui de vez no fundo de um Ecosport. Resultado: além do esporro de meu pai, tive que resolver todas as pendengas do seguro e vou passar a semana que vem inteira sem carro, em uma Salvador chuvosa, com a perna machucada e resquícios de rotavírus.

O irônico é que na semana passada, quando um monte de coisa ruim começou a acontecer, a tia de meu namorado preparou um banho de ervas para "limpar, energizar" e tudo mais. Não acredito muito nestas coisas, mas topei. Entrei no clima, fechei os olhos e pedi a tudo que era santo, anjo, espírito, força da natureza que eu conheço para abrir meus caminhos, me proteger, me trazer luz, calma, w/e. Saí do banho renovada, com a aura leve. Cinco minutos depois comecei a me coçar. Primeiro pouquinho, depois muito. Placas vermelhas se espalharam pelo meu corpo. Tive alergia ao banho de ervas. Irônia fina.

Quem quer que esteja segurando o bonequinho loiro e dentuço e espetando agulhas, já pedi penico. Antes mesmo do rotavírus. Pode parar, ok?

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